terça-feira, 25 de dezembro de 2012

chá de idade

A velhice
permite nao respoder as perguntas
sem parecer inútil.

quarta-feira, 27 de junho de 2012

a cidade num rio


As  águas do Capibaribe desaguam
Em mim
Caem pelos olhos, disfazem-se na língua
Renegada, punida,  fluência mal-quista

O capibaribe sobrevive
vem de uma fonte orgulhosa
Nossa fonte
Nosso orgulho 
de perdedor  de tudo
Tanto tudo
Hoje restou nada, além dessa intelectualidade estática
Velha 
como as cinzas de antigos casaroes da cidade onde cresci

Ô Capibaribe, seus  filhos
Ô visao de carangueijo
de pés presos ao mangue!
O carangueijo esperto nao entende os seus
Nao entende a lama
Escreve e canta da town lama à cana,
Que hora raíz d´ouro, batalhas
hora lixo flutuante sob pontes perigosas
da qual se olha o céu em fogo, a vaca voando, as jangadas encalhadas.

Repensemos o orgulho,
Que dever de repensar nos toma
Ressucitemos a história num movimento de maré 
Que quebra pedra,
Meu porto,
Que inunda num grito molhado
Fazendo justica com as próprias maos
Da moléstia sofrida, de saco-cheio

A cheia vem aí, como sempre
Aqui o rio se mostra homem, no que se revolta
As márgens da minha casa, minha casa, minha várzea, eu, minha identidade
rio.